domingo, 16 de novembro de 2008

Gestos, expressões, comunicação

Já dizia o velho guerreiro Chacrinha: “Quem não se comunica se estrumbica” e entre os surdos não é diferente. Os surdos se comunicam por meio de sinais realizados com as mãos, combinado a expressões faciais. Graças à luta da comunidade surda, o reconhecimento dessa língua está assegurado no Brasil, que a partir da lei n° 10.436 de 24 de abril de 2002 foi denominada Libras (Língua Brasileira de Sinais).
Esse decreto assegura a divulgação e, sobretudo o ensino das Libras em cursos superiores de fonoaudiologia e pedagogia, além da divulgação em diversos espaços sociais. De acordo com o Art.23 da mesma lei, as instituições de ensino de educação básica e superior, devem proporcionar aos alunos surdos os serviços de tradutor e intérprete de Libras, em sala de aula e em outros espaços educacionais, bem como equipamentos e tecnologias que viabilizem o acesso à comunicação, à informação e à educação.
A Feneis (Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos) tem trabalhado em pesquisas com apoio de surdos e ouvintes, e graças a esse comprometimento o mercado já dispõe de dicionários e materiais didáticos para o ensino de Libras, além de realizar pesquisas lingüísticas para conhecer as peculiaridades dessa língua. Quanto mais educadores tiverem acesso ao curso de Libras, os alunos terão uma melhor qualidade de ensino.

Integração dos surdos no meio acadêmico

A Estácio Uniradial é uma das instituições de ensino que investem e valorizam os alunos com deficiência auditiva. Esse investimento começou em 1994, quando a coordenadora Ana Lídia Bastos, iniciou sua gestão na unidade Santo Amaro e começou a desenvolver um trabalho persistente de conscientização entre os professores. Ana Lídia é Pedagoga com habilitação em deficientes de áudio comunicação e possui pós graduação especial na área.
De início, para que os professores entendessem as dificuldades dos surdos oralistas, ou seja, aqueles que fazem leitura labial, a coordenadora fez uma experiência com os educadores colocando algodão em seus ouvidos e pediu para que decodificassem as informações que eram transmitidas na TV; sem conseguir ouvir, os professores começaram a entender as dificuldades dos surdos, e a partir dessa e de outras experiências começaram a mudar a postura em sala de aula. Com a mudança de comportamento dos professores, o ensino da instituição se diferenciou das escolas ditas “especiais” e trouxe aos alunos, com deficiência auditiva, um ensino de boa qualidade e respeito, viabilizando, a inclusão social desses e de novos estudantes. Existem diferenças de poder aquisitivo entre os alunos matriculados em instituições como a Estácio Uniradial e alunos que fazem parte de escolas públicas, explica a coordenadora quando se refere à falta de formação acadêmica e até mesmo de não haver um preparo mais efetivo com relação ao volume de informações que os alunos precisam ter diariamente. Muitos dos alunos surdos que freqüentam a rede pública, além das dificuldades que enfrentam, não contam com incentivo algum dos pais, também por questões culturais. “O que mais me impressiona, são as mães, que não acreditam no potencial dos seus filhos”, desabafa Ana Lídia.
Hoje para ingressar na Estácio Uniradial, o surdo passa por uma entrevista com a coordenadora desses alunos especiais, para que ela oriente de maneira solidária e eficaz o melhor curso a seguir. A instituição conta também, com interpretes de Libras nas salas de aula em que haja alunos com deficiência auditiva, e esse investimento ocorre do ensino Fundamental ao Superior. “Hoje são 38 alunos com deficiência auditiva, do Fundamental, à pós graduação”, afirmou coordenadora.
A caminhada é longa, mas grandes avanços em prol da inclusão desses alunos, já foram conquistados por grandes instituições, não só no espaço acadêmico, mas também em nosso meio social, mostrando que surdos são eficientes.

Coordenadora Ana Lídia com dois alunos de

Administração Alexandre e Vinícius (Da esq. para Dir.)

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